A divulgação de relatórios de sustentabilidade com mais transparência e responsabilidade têm sido acelerada por novas regulamentações da União Europeia (UE), como a Diretiva de Relatórios de Sustentabilidade Corporativa (CSRD).
A publicação Rumo à Obrigatoriedade dos Relatórios de Sustentabilidade, produzida pela 㣨Leyu, examina a maturidade das empresas em relação a este tema. O levantamento de 2024 revela que muitas empresas já iniciaram adequações voluntárias antecipando-se às exigências regulatórias e promovendo mais transparência para investidores e demais stakeholders.
Uma das tendências identificadas foi a ampla adoção da dupla materialidade, conceito central da CSRD, por metade das maiores empresas globais. Essa abordagem avalia tanto os impactos das organizações na sociedade e no meio ambiente quanto os efeitos desses fatores sobre seus resultados financeiros.
De acordo com a pesquisa, quase 80% das 250 maiores empresas do mundo (G250) e das 100 maiores empresas de cada país analisado (N100) utilizam avaliações de materialidade.
As empresas líderes tendem a adotar processos mais abrangentes e detalhados, demonstrando compromisso com a transparência. A busca por conformidade regulatória, no entanto, não é o único motor dessa transformação.
Para muitas empresas, a antecipação às exigências legais reflete o compromisso de atender às expectativas crescentes de investidores, consumidores e outros stakeholders, bem como de aproveitar os benefícios de um posicionamento mais sustentável no mercado.
O estudo também indica que, nos últimos anos, os relatórios de sustentabilidade e as metas de redução de carbono vêm se tornando cada vez mais práticas usuais em quase todas as maiores empresas globais.
Além disso, a proporção de empresas que publicam metas relacionadas à biodiversidade e riscos climáticos tem aumentado, impulsionada por eventos como a COP15 e pelo surgimento de padrões como os da Força-Tarefa sobre Divulgações Financeiras Relacionadas à Natureza (TNFD).
Na América Latina, o Brasil e o Chile se destacam, com mais de 90% das empresas fornecendo dados de sustentabilidade. No Brasil, esse desempenho reflete novas diretrizes e regulamentações, além de alinhamento do país com padrões globais, como a Iniciativa Global de Relatórios (Global Reporting Initiative - GRI) e o Conselho de Normas de Contabilidade de Sustentabilidade (Sustainability Accounting Standards Board - SASB).
O alinhamento tem sido impulsionado por regulamentações recentes, tais como:
- Resolução 193/2023 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que exige que empresas listadas elaborem e divulguem relatórios financeiros sobre questões de sustentabilidade seguindo o padrão internacional desenvolvido pelo International Sustainability Standards Board (ISSB) .
- da Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), que estabeleceu exigências obrigatórias de sustentabilidade para seguradoras, entidades abertas de previdência complementar, empresas de capitalização e resseguradoras.
Esses avanços demonstram como o Brasil está aprimorando a transparência corporativa e fortalecendo sua posição nos mercados internacionais, especialmente em um momento em que empresas menores da região também enfrentam maior demanda por informações ESG, por integrarem cadeias de valor de companhias internacionais.
Mesmo diante desses avanços, a pesquisa da 㣨Leyu ressalta a importância de fortalecer a compreensão dos riscos climáticos e de ampliar a integração de métricas de sustentabilidade nos relatórios corporativos.
Com a aproximação dos prazos estabelecidos pelas novas regulamentações, tanto da CVM quanto da UE, as empresas têm a oportunidade de liderar pelo exemplo, fortalecendo suas práticas de sustentabilidade. Com o suporte das firmas-membro da 㣨Leyu, organizações podem liderar essa transição, demonstrando como integrar ESG aos negócios gera valor ambiental, social e econômico.